quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pecados escritos

Uma dos mais abominaveis pecados que de vez em quando cometemos ao redigir um texto é incorrer no que chamamos de muletas, pleonasmo ou vícios de linguagem.

Não raro, até mesmo alguns jornalistas escrevem "erário público", quando não existe erário que não seja público.

Muitos se valem do uso da expressão "plantel" para se referir ao grupo de jogadores de uma equipe, quando o correto seria utilizar "elenco".

Plantel é aplicado corretamente quando se trata de animais. Comumente usada por jormalistas esportivos que cuidam do turfe, quando fazem referência aos cavalos.

Outro erro imperdoável acomete alguns editores quando, ao publicar início da frase de um pesonagem, o faz sem inicial maiúscula, após o uso de "dois pontos".

Já que estamos num periodo de carnaval fora de época, que tal lembramos também do recorrente (ainda) "tríduo momesco". Vereador não pode ser tratado como edil como advogado não deve ser causídico, a não ser em textos do século XIX.

As regras da produção de um bom texto não inclui, certamente, a pobreza vernacular, mas o texto jornalístico deve ser coloquial. O mesmo já não ocorre quando se trata de editoriais ou artigos, quando se trata de algo muito individual, que reflete a formação e o pensamento pessoal de alguém.

Assim como o articulista deve preparar-se para que sua construção não seja pobre em riqueza vernacular ou força de argumentação, fazendo com que o trabalho pareça mais uma redação de curso primário,

Impôe-se que também o autor não seja levado pela vaidade. Como aquele que, ao tentar passar uma falsa erudição, lança mão de expressões que lhe fazem parecer apenas um pernóstico.

Não faz muito tempo, um redator de notícias de um conhecido e notório jornal-falado de uma emissora de rádio de Campos, utilizou o termo "efeméride". Como a literatura no início do século passado, a nossa imprensa carece de uma Semana de Arte Moderna para sua renovação ou uma sacudidela em forma e conteúdo.

Se estivesse ainda entre nós, a veteraníssima jornalista Marilda Rios diria que "efeméride" é a "puta que pariu".

Como se vê, nossa profissão é um eterno aprendizado. Ninguém, por mais experiente que seja, deixa de ser eterno aprendiz, aluno de seu tempo, do tempo pretérito e futuro.

Não basta apenas ser bom repórter, conhecer bem o ambiente, apurar bem as matérias, ter boas fontes. É preciso mais: saber escrever, de modo a ser claro e assimilável, ter responsabilidade profissional e ética com o que escreve e, especialmente, senso de justiça social.

Jornalista trabalha, na maioria dos casos, para uma empresa privada mas é um serviço público. Seu compromisso é com a sociedade.

De minha parte, continuo sendo aprendiz, pequenino diante da eterna aventura do conhecimento e do imenso universo que nos cerca.

2 comentários:

  1. Ai!!! Mais um aprendiz aqui...caraca... quero ser eterna aprendiz. Este é um tempo em que tenho procurado me recolher um pouco para avaliar, e continuar...

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  2. Paulo Renato

    Ser um eterno aprendiz é uma postura mias do que correta, demonstra sapiência. É um modo de ser a se seguir, seja em qual área de conhecimento for.

    Deveria ser uma norma principalmente na área de comunicação, pois como bem o dissestes, o trabalho do jornalista, mesmo sendo em empresas privadas, acaba por ter a característica de coisa pública. O jornalista relata fatos, informa, esclarece a sociedade, tem o compromisso com a verdade.

    Comungo da idéia de ser sempre um eterno aprendiz e é isso que me leva para a frente.

    Saudações Rubro-Negras

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