quarta-feira, 27 de maio de 2009

E dá-lhe Goytaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Respeitável público, senhoras e senhores, prezados ouvintes. Este rouco locutor que vos fala nutre um respeito colossal pelo Americano. Proclamo, sim, que o glorioso alvinegro de Parque Tamandaré tem a marca, a saga dos vencedores.

Não é a toa que é detentor de conquistas como um eneacampeonato campista, titulo inédito na história do futebol profissional no País, além de tantos outras façanhas no futebol fluminense, como conquista de Taça Guanabara e por aí vai.

Nos anos 70/80, o Cano era o terror dos times outrora chamados grandes do Rio. Não era mole, não, mas os metropolitanos tinham que c. um quilo certo pra ganhar dos bravos e valentes meninos aqui dentro do Parque.

Esta baita admiração pelo clube de Parque Tamandaré vem desde os campeonatos do antigo Estado do Rio.

Tenho parentes em Niterói, onde meus tios falavam-me do time que disputava o nosso campeonato, que tinha Zé Henrique, Paulo Roberto, César, Adalberto, Chico, entre outros. O que era o nosso campeonato?

Para os que não tem maior intimidade com a história da Velha Província, o seguinte é este: antes da fusão entre os estados da Guanabara (que era circunscrito à cidade do Rio de Janeiro), com o nosso Estado do Rio, havia o Campeonato Fluminense de Profissionais.

E que aglomerava equipes de Campos, Barra Mansa, Barra do Piraí e Niterói. Americano, Goytacaz, Rio Branco e Sapucaia representaram Campos.

Segundo meus ascendentes que habitavam as glebas de Araribóia, eram jogos espetaculares, disputados ali no Barreto. E qualquer jogador desses times poderiam jogar em grandes clubes.

Tecnicamente, muitos deles eram fantásticos, botavam muita gente famosa de hoje no chinelo.

O problema é que o futebol brasileiro àquela época, anos 60 e alguma coisa, era de um profissionalismo meio amadorista; ou um amadorismo um tanto profissionalista. E o futebol do antigo Estado do Rio, igualmente.

Tanto que — os mais temperados pela vida devem lembrar bem — os caras jogavam em suas equipes e defendiam o leite das crianças num outro serviço mais convencional, no comércio ou num banco.Muitos conseguiram sair para atuar em grandes clube.

Gerson, Jair Marinho, Altair deixaram Niterói para saborear os louros da glória no Fluminense. Paulinho Valentim saiu do Central, de Barra do Piraí, e saltou para a fama no Botafogo. Miltão deixou o Barra Mansa para brilhar no Sport.Campos é um caso à parte.

Dezenas de campistas aportaram pelo país afora. E tem mais: no Fluminense houve Pinheiro, Didi, Maneco, Emilson, Denilson, Rubens e Edevaldo; No Flamengo, Paulinho Almeida, Milton Brobró e Décio Crespo; no Amércia, Amaro, Ary e Renato; no Vasco, Fumaça, Acácio, este mais recentemente, depois Odvan, Léo, etc.

Se alguém tem outros nomes que escaparam à maltradada memória deste locutor que vos fala, que ligue pra esta destemida emissora.

Então, dizia eu, essa penca, essa lista de boleiros que saíram por aí não leva em contra os que migraram para outros estados e os que, ainda que não tenham se adaptado aos grandes clubes, eram tecnicamente indiscutíveis. Ricardo Batata, que não ficou no Fluminense, era um deles.

Em qualquer estado brasileiro importante no futebol como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas, Bahia, Pernambuco e outras plagas, a marca do jogador campista está lá registrada.

Pode mandar fazer calçada da fama aqui, ali e acolá, que o pé de um campista lá vai estar para deixar as marcas do pebolismo goitacá.

Portanto, o buraco é mais embaixo quando se fala em futebol campista. Campista sabe das coisas quando o negócio é futebol. Desde os tempos de Mário Seixas, Soda, Amaro Silveira e Poli, os quatro primeiros que sairam da terra de Mestre Didi para vestirem a camisa da Seleção Brasileira.

Faço essa prosopéia toda pra dizer que estou aqui refestelado torcendo para que o alvi-anil citadino, como falava Moacir Fonseca, ascenda este ano à primeira divisão do futebol fluminense (carioca é uma ova), com toda e pompa. Pois o azul do povo completa no ano da graça de 2012, daqui a três anos, portanto, nada mais nada menos que o seu centenário.

Ora, uma cidade que possui um clube cujo nome evoca suas mais sagradas raízes ancestrais, em alusão aos nossos primeiros habitantes, não merece outra coisa desta cidade se não uma fervorosa torcida para que este centenário seja marcado pela presença do Goyta no Olimpo do nosso futebol.

Vim ser rubro-negro num certo dia do ano da graça de 1965, quando o Flamengo abrigava em suas fileiras craques do porte de Paulo Henrique, Carlinhos, Silva, Almir, Carlos Alberto, César Maluco, Rodrigues, entre outros.

Era muito novo, não me lembro bem de outros nomes, apenas de minhas figurinhas colecionadas.Mais tarde, vieram pesadelos e injúrias futebolísticas como Mário Braga, Onça, Neviton, Tinteiro, Cardosinho, Zélio, Fio, Michila, Caldeira e o escambau.

Foi a maior concentração de perna-depau por metro quadrado do futebol brasileiro em todos os tempos. Um filme de terror.

Mas minha paixão rubro-negra acendeu-se pra sempre ao ver aquela comovente entrega de uma multidão ensandecida a colorir o Maracanã, mesmo com uma baba daquelas em campo.A paixão e a fidelidade do torcedor do Goytacaz é fenomeno idêntico. Não dá prá ficar indiferente a um povo cujo sangue ferve por uma paixão.

Vamos, pois, a cidade inteira, desde os caciques mais veteranos aos curumins que ingressaram agora há pouco na pia batismal, erguer esse pavilhão para quando chegar à sua idade centenária, o Goyta velho de guerra esteja no palco principal do nosso futebol. Trabalhemos, antes, pois, para que estejamos lá na elite durante aquele grande momento.

E não vai ter juiz, bandeirinha, quarto juiz, aspones de federação, CBF para nos atropelar nesta cruzada salvadora do futebol de Campos.Porque o futebol campista só sobrevierá quando Americano e Goytacaz se cruzarem sempre.

E vos digo aqui desta tribuna que depois de consultar livros e tratados de semiótica, antropologia e psicologia sobre o nosso povo papa-goiaba, cheguei a conclusão que um não vive sem o outro. Alvi-anis e alvinegros nasceram para viverem eternamente suas birras.

Pergunte ao torcedor do Americano se existe alguma coisa melhor que ganhar do Goytacaz "no salão de festas".

Chegue para um alvi-anil e pergunte se há algo melhor no mundo do que vencer o Americano, lá no Parque... "no parque de diversões".

Estou nessa com o Humbertão Grandão Rangel que, apesar de ser jornalista, é meu amigo. Como sentenciou certa vez o juiz Arnaldo Cesar Coelho, a regra é clara.

Então, qualquer prejuizo causado por dúvida ou certeza suspeita nas quatro linhas ou fora dela, vamos representar contra os homens de preto no Ministério Público, na ONU ou no escambau. Até ao nosso padrinho forte, o ministro Orlando Brito, que virou alvi-anil desde criancinha.

Então, desde logo vamos arregaçar mangas, esgrimir espadas e ecoar a voz uníssona das arquibancadas que contagia nas ruas a cidade inteira e faz e campo o time de azul fazer no gramado o que nenhum outro faz: E dá-lhe Goytaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O brado retumbante, o santo e derradeiro desabafo: Obina nunca mais

Amigos, a verdade que liberta é essa: eu que supunha conhecer o ludopédio em 18 idiomas me penitencio, contrito, aqui desta tribuna, diante dos fiéis seguidores da nossa causa.

Tá certo que o menino Joziel não é tudo isso que foi ontem, mas também não é também todas aquelas injurias que eu disse desta destemida e valente emissora. Pronto. Já podem começar a sessão de apedrejamento.

Comecei a bradar coisas terríveis, impublicáveis, contra o pobre e intimorato rapaz. Em mereço e farei um exame de saúde mental pelas insanidades, pecados e disparates cometidos.

Já sei que alguém vai me dizer o que o colonizador espanol disse pro Hugo Chaves: por que não te calas?

Mas, o seguinte é esse: o rapaz fez de tudo na refrega contra o time dos operários do ABC. Esse é o hômi…E eu aqui ameaçado de perder o emprego por cometer aquele crime de opinião de incluí-lo entre os pernas-de-pau que pululam por aí (gostaram do pululam?), entre os Obinas da vida.

A verdade, a pura verdade que salva e redime, foi minha heresia em não reverenciá-lo pelo suor derramado em tantas outras batalhas. Este brioso servidor que honrou e vestiu ontem o Manto Sagrado é o mesmo que tem consignado nas súmulas uma penca de gols.

Não vou mais falar do Joziel, não vou. Vou, sim, recolher-me ao silêncio obsequioso, castigo a quem não enxerga futebol com os olhos da razão. Se bem que estou em boa companhia, com outro míope. O menino Nélson Rodrigues e suas diabruras inventivas de Anjo Pornográfico também constumava ver outro jogo que não o real. Pior para o jogo real.

Mas antes que encerre a resenha do nosso heroi no ABC de São Paulo de Piratininga, seria mesmo muito feio, mas muito feio mesmo, se eu terminasse estas mal digitadas linhas sem dizer que ninguém deveria assistir àquele segundo gol do Joziel sem aplaudir de pé. Coisa linda, que o Pelé ou o Romário assinariam.

Por fim, que fique constado em ata: o Clube de Regatas do Flamengo parece deveras ressurgir da saga que produziu um de seus mais sagrados axiomas. Aquele segundo o qual "Craque se Faz em Casa", perpetuado desde que Zico, Junior, Leandro, Andrade, Adílio e outros ingressaram no panteão dos monstros sagrados da Nação Rubro-Negra.

Que dá um gosto danado ver crias como os meninos Airton, Everton e Willlians vestirem com garbo o Manto Sagrado, lá isso dá. Que potencial, pesonalidade, disposição e noção do que é vestir aquela indumentária. Jogaram o fino esses meninos, benzadeus....

De resto, sem o auxilio luxuoso dos solos do Léo Moura e do Juan, 2x1 ficou de bom tamanho.
Pois muito bem. Conforme os ensinamentos de Cícero, lá atrás na Roma dos bárbaros, quando faltam as palavras, melhor e calar.

Mas não me sentiria feliz e aliviado sem este santo e derradeiro desabafo. É que, enfim, não mais terei que gritar impropérios, não mais sentirei calafrios, pruridos e ziquiziras diversas ao ouvir pelo alto-falante aquela tonitroante voz: "Suderj informa: no Flamengo, sai fulano e entra Obina".

Que o Senhor do Bonfim te proteja e não me desampare, mas vá, sem passagem de volta. E não me venha queimar a língua desastrada fazendo lá no porco coisas que nunca fizeste na Gávea.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Traidor de uma Nação

Amanheci com o gogó afiado, por força de uns gargarejos na noite anterior para melhor orientar os meninos. Que cumpriram direitinho os recados que mandei em boa parte do jogo.

Fiz minha parte como bom religioso. Cumpri meu ritual, em minhas preces e oferendas. Concentrei-me e me mantive em ação durante todo o jogo, andava de um ponto a outro.
Até que fui ao meu quintal prestar reverência à minha tamarineira e seus fluídos.

Não imaginava que o Juan, pensando o que ele pensa que joga, ainda fosse capaz de uma infantilidade suprema de atrasar o balípodo numa linha de defesa com raios do tipo Nilmar, D´alessandro e Taison por perto.

Mas eis que se fez luz, com o gol do menino Kleberson. Prá quê... Não fiz outra coisa se não contar os minutos que restavam, mas os ponteiros que marcavam minutos e segundos no relógio não saíam do lugar.

Corria de lá pra cá, batia na madeira ali e aqui a cada ataque dos gaúchos. Foi quando cheguei à conclusão da necessidade de um providencial checap para evitar um outro cateterismo. Liguei para o meu cardiologista. "Sou um homem comum, com minhas limitações, doutor. Pobre do meu coração. Assim as minhas coronárias não agüentam..."

Então, voltei ao calor do jogo após algumas recomendações de urgência daquele discípulo de Hipócrates. Até que lembrei-me de uma frase de um desses filósofos que só o futebol é capaz de produzir, segundo a qual o medo de perder tira a vontade de ganhar.

Após o gol, o Cuca fez o que todo treinador comum faz: colocou um monte de gente lá dentro da grande área para segurar o rojão. É bem verdade que o Inter atacava, mas não entrava na zona do agrião (royalties para o grande João), mas eis que veio a falta na entrada da área, aquelas quase no finzinho da contenda, com jeito de sentença de morte.

Imaginei que o gringo D´alessandro fosse o encarregado da cobrança. Quando vi o menino Andrezinho, que criamos lá na Gávea com leite de cabra, aminoácidos e Biotônico Foutoura, não esperava proeza que jamais foi capaz de operar com o pesado Manto Sagrado. Mais um carrasco, mais um traidor da Nação Rubro-Negra, que por conta do vil metal renega suas raízes e convicções ideológicas, filosóficas, doutrinárias, clubísticas, etc. Menino ingrato esse.

Mas, sem esse simplismo de apedrejar o pobre do Cuca. Os cartesianos analistas do ludopédio de Pindorama conferem excessiva importância aos treinadores, comentam futebol com estatísticas e a frieza dos números, mais parecem comentaristas de economia.

O buraco é mais embaixo. Aos fatos, então: o brioso e aguerrido time Rubro-Negro tem muitos garotos que saíram há pouco do dente-deleite. E se o Pompéia fôsse vivo poderia dar umas aulas de acrobacias ao Bruno.

Na próxima bola colocada desferida contra sua baliza, ele daria um pulo (goleiro existe pra isso), saltaria na direção do chute, não daria alguns passos de urubu malandro em direção ao esférico para ficar no meio do caminho e chegar a inútil e tardia conclusão de que chegou atrasado.

De resto, tive que escutar o ribombar dos fogos dos eternos vice-campeões do time da colônia portuguesa, que habitam os porões do sobsolo do futebol brasileiro.

Soltaram foguetes no primeiro e no segundo gol. Já que não podem festejar nada em cima de nós, nossos históricos fregueses perderam a humildade dos medíocres e festejam com o... alheio.

Como estamos num outro plano, não seria conveniente gastar o latim com quem se presta a festejar vitórias contra o Ceará, o Central, o Caruaru, o Icasa e outros gigantescos e históricos esquadrões do nosso ludopédio.

Tinha mais o que fazer. Fui tomar meu lexotan e dormir. Além de reservar energias e precauções com a ansiedade e a saúde para outras batalhas que nos esperam.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Menos, menos euforia

Esse Juan deve pensar que é o Nilton Santos redivivo ou um Leovegildo dos tempos modernos.

Porque se ele, de fato, jogasse o que pensa que joga, o salto de Luis XV se tornaria um chinelo perto daquele que o irrequieto lateral (ala é o cacete) da Gávea iria calçar.

Porque a máscara do menino é da grandeza do ego dos cartolas rubro-negros quando o clube conquista um simples e trivial campeonato estadual.

Primeiro, aquele gesto de deselegância com o Viola que lhe pediu desculpas num lance mais ríspido. Depois, aquela entrada feia no Maiconsuel — se bem que com um nome desses bem que ele merecia uma outra coisa, mas não uma prática desleal de jogo. Por último, a discussão com o Cuca, que marcou um batente na Gávea para uma linda manhã de sol e praia no Rio.

O rapaz precisava urgentemente ouvir ou conhecer as preleções de linguagem empolada, mas impregnadas de sábias lições do mestre Zé Coelho, cartola-técnico-roupeiro-massagista do Rio Bonito Atlético Clube nos anos 60. “Não quero que jogador meu tenha humildade em campo. Quero vocês todos altivos e orgulhosos do que são e fazem. Não sejam humildes, porque da humildade à falta de personalidade a distância é apenas um pulo. Quero que tenham auto-crítica, conheçam suas limitações, é o que quero”.

Taí, auto-crítica é a palavra-chave, o que tem faltado a esse jovem apenas razoável, que se destaca diante da mediocridade geral que campeia no ludopédio atual neste país. Quando pega o esférico às vezes não sabe o que faz com o balão de couro, como denominavam os antigos narradores. Se vale de bom condicionamento físico e velocidade para chegar à linha de fundo, num estilo Roberto Carlos, outro já festejadíssimo e cercado por holofotes, mas não mais do que mediano.

E, cá pra nós: esse Juan não serviria nem pra engraxar as chuteiras de outros dois laterais rubro-negros do meu tempo. Primeiro, um certo Paulo Henrique, que jogava o fino da bola; depois, Rodrigues Neto, outro baita de um lateral.

Menos... menos Juan...

Casas e mais empregos

O economista Ranuldo Vidigal, presidente do Centro de Dados de Campos (Cidac), aposta que a partir da implantação do programa de construção de 5.100 casas populares e ainda as obras ou construções de unidades de saúde e escolares, haja uma maior contribuição do poder público para reduzir a questão do desemprego no municipio.

A estimativa é que só neste programa sejam criados mais de 2 mil empregos.

Acredita que, finalmente, a partir de agora, o governo se livre das amarras, que os tecnocratas chamam de ajustes nas contas, em razão da queda dos royalties e da revisão de programas e obras suspeitas deixados pela administração anterior.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Aos crédulos e otimistas

Aqui, desta altaneira tribuna, fala-se de tudo, inclusive de futebol. E de coisas menos sérias, como a política.

Já que não tenho estômago para fazer elucubrações sobre a política da nossa aldeia, a pergunta que saco hoje da cartola nesta terra do pau-brasil é a seguinte: qual o destino da insalubre e indigesta política brasileira, diante de tantos casos de corrução envolvendo personagens do Congresso Nacional.

Cambadas que habitam as casas legislativas, escutem os gritos em uníssono das massas: vocês estão saindo muito mal na fita, abusando do direito de serem hipócritas. Um dia cansamos de sustentar algumas casas de tolerância. A revolta e a fúria dos justos tomarão conta das ruas.

Agora mesmo, os partidos, com suas imagens tremendamente desgastadas, apostam numa eleição com lista fechada, feita sob medida para que os caciques de sempre se mantenham em seus feudos partidários.

Como apostar na renovação dos quadros da política sem que os novatos tenham acesso a vagas que serão preenchidas por aqueles que já são detentores de mandado ou mesmo aqueles que são apadrinhados pelas cúpulas partidárias?

Nas duas casas do Congresso, são 60% os eleitos declaradamente financiados por grandes empreiteiras, bancos e outras grandes corporações. O interesse público vai pras caçambas e nécaras.

Os casos de corrupção pipocam a cada dia, como o escandalo das verbas indenizatórias, envolvendo até Eduardo Suplcy e Fernando Gabeira, tidos como "reservas morais".

Otimistas acham que a crise pode trazer aspectos positivos, como uma mobilização nacional que poderiam colocar as caras dos pilantras com suas fotos em outdoors por toda parte no País, tipo assim: "Esse aqui traiu a confiança do povo porque prometeu uma coisa e fez algo totalmente diferente depois de eleito. Ou assim: "Esse aqui falou que quer que a população de lixe".

Otimistas, crédulos, este repórter que vos azucrina não quer ser o porta-voz do pessimismo. Mas no meu tempo havia menos imbecilidade.

Os meninos de hoje não sabem de nada, com rarissimas e honrosas exceções. Vive-se numa selva onde impera a alienação, a futilidade e a burrice, etc.

Vou tratar de coisas mais sérias e menos áridas. Tenho que ouvir agora um chorinho com o Zé Nogueira e o Altamiro Carrilho. Não sou de ferro. Fui...

domingo, 17 de maio de 2009

Os mineiros vão ter que colocar a mão no bolso

A rádio tamanco manda me avisar que as coisas começam a ficar da cor do mar.

O Goytacaz arranja não só uma saída para o futebol do clube e seus tantos infortúnios com a terceirização nas mãos do Pudim, como deve contar com outra boa noticia nos próximos dias.

É que será batido mais uma vez o martelo, com um terceiro recurso do Cruzeiro, sobre o caso Jussiê, no Tribunal de Justiça do Rio, onde o clube da colônia italiana de Beagá já perdeu duas vezes.

O homem togado de preto vai julgar a questã (no feminino mais puro como se pronuncia deliciosamente lá na roça) ainda esta semana.

Um dado interessante é que se o recurso não for acatado novamente, não caberá efeito suspensivo. Portanto, não é "mineiro-pau", mas pau nos mineiros, que têm fama nacional e internacional como seres muito ruins de meter a mão no bolso.

E a solução dos cruzeirenses seria apelar para uma outra instância, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

Caso vença mais este round, o Goyta vai embolsar um vil metal da ordem de R$ 1,5 milhão.

Não duvidem se uma fila de credores pintar pelas bandas da Rua do Gás, entoando aquela marchinha gloriosa, "ei você aí/ me dá um dinheiro aí"...

O futebol morreu

Porque a vida é curta, porque viajar entre o onírico da prosa, da ficção, do humor e do lirismo, é a única saída para a dureza do dia-a-dia; também porque refletir e pensar não dá trabalho, a partir de hoje e todos os domingos o blogue vai trazer sempre um lero-lero deste catador de novas emoções e novidades.

Desta vez, postarei uma resenha do Davi Coimbra, um dos grandes jornalistas e cronistas de Porto Alegre.

O texto a seguir foi publicado no jornal Zero Hora e dá conta da distância entre o futebol em dois periodos: antes e depois do mercantilismo desenfreado que alguns chamam globalização. Ei-lo, pois:

Hoje o futebol está morto.

É essa a primeira frase do ótimo romance de Michel Laub, O Segundo Tempo, concorrente ao Fato Literário de 2007. Sérgio Faraco foi o vencedor do Fato Literário e não podia ser outro, o Faraco é um dos Macistes da literatura brasileira. Mas o romance de Laub mereceu a distinção de competir com o Faraco, que só isso já é laurel.

Não sei se Laub tem realmente essa opinião acerca do falecimento do futebol ou se ela foi doada ao personagem narrador da trama. Sei que concordo. Também acho que o futebol morreu.

O romance de Laub não versa exatamente sobre isso, embora fale disso. É um romance perfeito, tecnicamente. Um romance de estilo requintado, de construção criteriosa, vê-se que ele se debruçou com cuidado sobre cada parágrafo, cada frase. Teceu uma bela obra, um pouco de Salinger no tema, um tanto de Phillip Roth na condução da trama.

Laub sustenta um clima de suave tensão que mantém o leitor em permanente expectativa. O desenvolvimento dos personagens se dá sem pressa, num encadeamento verossímil. E o futebol é usado com mestria como fio condutor da história, transcorrida durante o Gre-Nal do Século, em 1989. Laub, o leitor percebe, entende e gosta de futebol. Não duvido, pois, que pense dessa forma. Que o futebol está morto.

Porque está. Dizia isso durante a nossa reunião semanal, aqui no Esporte, segunda passada. O dinheiro matou o futebol. Antes das ondas de dinheiro afogarem o futebol, o menino queria ser jogador pela glória ou pelo prazer. Ele sonhava em vestir a camisa da Seleção ou do seu clube preferido, sonhava em ganhar a vida jogando bola, em fazer gols, em ser ídolo de uma torcida. O guri suspirava:

— Esses caras jogam bola e ainda ganham dinheiro pra isso!

Agora ele sonha com o dinheiro, não com a bola. Ele quer ser jogador para comprar uma casa para a mãe ou um carro para o pai, para usar dois celulares e alisar o cabelo à chapinha de chocolate. Ele quer jogar em cidades que nem sequer sabe onde ficam, para gentes que nem sabe quem são. Tanto faz, para ele, ser jogador de futebol ou fabricante de sabão, desde que ganhe em Euros.

Nada representa mais esse ex-futebol do que a Seleção Brasileira e seus jogadores miliardários e enfatuados. Nenhum jogador representa mais esse passamento do que Ronaldinho.

Justo Ronaldinho, que era uma espécie de Garrincha redivivo, a nova Alegria do Povo, um menino que passava os dias da sua infância dentro do clube pelo qual torcia e as noites agarrado à bola de couro, que via os vídeos do passado e sonhava em ser o Rivelino do futuro, justo ele, hoje pouco se lhe dá o amor que as torcidas lhe têm, hoje pouco se lhe dá o jogo jogado. Importam-lhe os seus milhões.

Milhões, milhões, quantos milhões Ronaldinho ganha por semana? Quanto vale uma hora do seu dia? Com todos esses milhões em perspectiva, por que haverá ele de se importar com a beleza de um drible, com um novo título, com a angústia ou o riso do torcedor? Ele não precisa! Ele tem a propaganda de refrigerante para fazer, ele tem o novo investimento imobiliário com que se preocupar, a nova chuteira de grife para calçar, ele é uma entidade, não um meia-direita.

Hoje, um jornalista que cobre futebol cobre-o como se fosse para a Editoria de Economia. Não há diferença. O antigo futebol, divertido, prazeroso, folclórico, apaixonante, o futebol com o qual os meninos sonhavam jogando bola de meia na calçada, jogando com goleirinha de chinelo de dedo no areão, jogando nos campos crespos da várzea, esse futebol não existe mais.

O futebol, antes de envelhecer, morreu.

sábado, 16 de maio de 2009

E dá-lhe Goyta

Vozes da Rua do Gás e alhures mandam me avisar que o deputado federal Geraldo Pudim assume a partir desta segunda-feira, assume o futebol do Goytacaz.

Não gosto (aliás detesto essa palavra muderna), mas será terceirizado o futebol. Já tem até patrocinadores acertados, além do apoio da prefeitura.

O presidente Zander Pereira fica até o término de seu mandato em 2010. Caso o Goyta suba para a primeira divisão, Pudim se candidata a presidente do clube com o apoio do atual mandatário.

Mais: Célio Silva será o homem forte do futebol alvi-anil. E dá-lhe Goyta.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O direito de morrer

Não sei o que tanto fazem os nossos vereadores e deputados estaduais.

Só sei que são tão incompetentes quanto o tamanho da humilhação que têm feito passar os mortos e vivos que precisam utilizar os serviços do IML de Campos.

Só sei que todo mundo, inclusive o campista, mesmo a contragosto, tem o direito de passar dessa para uma outra numa boa, com dignidade.

Mas os peritos, o Sérgio Cabral Filho, os deputados estaduais deveriam saber que em Campos tão querendo fazer com que aqueles que bateram as botas passem por constrangimento, além da morte.

Na sociedade capitalista, a morte é constrangedora, sim, num mundo que enaltece sempre os vencedores. O morto oferece a idéia de que o cara fracassou, foi incapaz de resistir às armadilhas que o destino nos traça, perdeu a última batalha para continuar a desfrutar do que ele tem de mais precioso: a vida. À luz dessa ótica perversa, quem morre é um fracassado.

Mas, se há algum benefício na morte, é que ela nos deixa livre de uma série de aborrecimentos e aporrinhações, entre tantas contrariedades. Morto não tem que aturar os políticos que temos, os chatos que estão à sua volta. Não paga aluguel, condomínio ou impostos, embora haja controvérsias em relação aos últimos três ítens.

E tem também o direito de não querer mais apoquentar alguém depois de bater as botas.

Imaginemos um defundo que foi uma boa alma. Amigos e parentes vão dizer que ele não merecia passar por isso. Se for um sujeito mala, complicadíssimo espírito-de-porco, vão reclamar que o infeliz deu trabalho até na morte. Então, vos apelo, senhoras "otoridades": vamos deixar os mortos em paz.

A morte é uma coisa séria, já dizia o menino Joaquim Maria, mais conhecido como Machado de Assis. Ou, então, ou Bruxo do Cosme Velho. Mas, em Campos, a morte é mais do que uma coisa séria: é um escárnio.

O sujeito luta tanto para chegar com dignidade, pompa ou circunstância ao epílogo solene da última morada, direito sacrossanto de todos os mortais, mas sua última estrada acaba por ser tranformada numa via crucis.

Ficar um punhado de horas esperando rabecão ou médico perito que não chegam, é uma derradeira provação a que o cadáver é submetido aqui na terra.

E que prova de que a medicina legal não é tão legal assim.

E digo mais: pior do que isso só o show de horrores de alguns programas do rádio campista.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A entrega total dos guerreiros e a massa encefálica do Cuca

Tenho me mantido ocupado nas últimas horas, a debruçar-me e refletir sobre um assunto da mais alta relevância para o futuro socio-economico-político e cultural do Brasil: a magnânima atuação do Clube de Regatas do Flamengo diante do Rolo Compressor dos Pampas — nada como reforçar as iniciais do adversário para valorizar nossos feitos.

Não que duvidasse dos nossos valentes, guerreiros e briosos soldados da causa Rubro-negra. Não somos a máquina de jogar futebol como a Hungria de 1954.

Mas que foi comovente ver a dedicação, a entrega dos nossos bravos e valentes rapazes, lá isso foi. Ademais, seria de bom alvitre reconhecer que superestimei o Inter.

Depois de uma acurada pesquisa, cheguei a uma conclusão que o diabo não é tão feio quanto pintam. Que o Inter é tudo isso que dizem por aí, mas lá pra suas negas.

Só tem protagonizado pelejas brilhantes contra adversários pouco ou nada brilhantes. Agora, acabou a moleza.

Pelo menos, se depender do denodo dos rapazes rubro-negros, eles vão ter pela frente sangue, suor e lágrimas, em busca da classificação na próxima quarta-feira. Terão que c. um quilo certo se quiserem continuar vivos.

Outra conclusão a que cheguei, também depois de um esforço de reportagem cientifico-futebolistica, que me permite retornar com um velho clichê: o futebol tem mistérios insondáveis.

O mundo do ludopédio sempre apresenta situações surpreendentemente inexplicáveis.

Em cima da hora, quase no trilar do apito inicial de Sua Senhoria, o assoprador de apito, recorri a alguns santos menos ocupados que São Judas Tadeu.

Pedi que alguns desses iluminassem o Cuca, gastei quase duas horas.

Sabia que os esforços para um bom desempenho no jogo desta quarta-feira seriam bem mais de coração que de inspiração, mas um pouquinho a mais de inteligência não faz mal a ninguém.

E não é que o rapaz, de cuja massa enfefálica muita gente colocava dúvidas, foi tomado de um súbito ataque, um inaudito surto de inteligência?

Quem disse que o D´ Alessandro viu o cheiro ou a cor da bola? Porque Toró foi o nosso grande guerreiro da noite com uma exibição típica de um Liminha.

Boa idéia do menino Cuca, que fez jus ao apelido, rechaçando testemunhos sobre a quantidade Angelin pegou bem e o Nilmar nada fez.Duas bolas na trave e chute do Angelin no primeiro tempo, mas outras chances cristalinas para matar o jogo até com certa tranquilidade.Existe, sim, alguma massa cinzenta no cérebro indecifrável do Cuca.

Mas, definitivamente, Obina não dá. Ele, centroavante de ofício, que não faz gol desde a Revolução de 1932, agora se auto-determinou à ter como função fazer faltas nos zagueiros.Quando deveria ser o contrário. Os zagueiros é que deveria fazer falta nele.

Alguém precisa chegar na caixa receptora de barulho do Obina, aquilo que apelidaram de orelha, para dizer-lhe que ele joga no ataque, não é zagueiro, embora muitos entendam que a segunda opção lhe caia bem melhor. Ainda bem que ele joga (?) longe do gol do Bruno.

Enfim, senhoras e senhores ouvintes, temi os ultimos cinco minutos, por uma desatenção da defesa, que tentava ouvir, sem sucesso, meus gritos e instruções. Mas São Bruno tava lá. Que soberba atuação, hein?

O Flamengo foi o Inter dos anos 70. Solidez, marcação forte e velocidade. Só não faz gol, mas no futebol atual, disseram, isto é apenas mero detalhe, embora ninguém avisasse ao autor da frase que futebol não se vence sem fazer gol. Só que alguém tenha combinado algo com os veinhos da International Bord e nada me falaram.

E o Inter teve no argentino Guinhazu um trabalhador no melhor estilo dos nossos guerreiros entronizados para todo sempre na Gávea, tipos Reyes e o mesmo Liminha nos anos 70. Aliás, argentino guerreiro é pleonasmo.

No mais, sem mais delongas, é prosseguir na caminhada rumo ao título.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pra amarrar o Nilmar

Amigos, deixarei de lado qualquer faina que porventura surja esta noite, porque um valor mais alto se alevanta, como diria o menino Pessoa.

Caríssimos, sei que não se deve sair por aí contando isto pra todo mundo, mas sempre me considerei um elo perdido da inteligência futebolística nacional.

Então, não dá pra ficar gastando meu latim, meus exuberantes conhecimentos orientando o time, gritando feito um louco, se a inteligência dos nossos craques não alcança a clareza meridiana de nossa visão periférica do jogo, de nossa concepção tática da peleja.

É bem verdade que cometi o sacrilégio de não assistir a exibição do time no primeiro tempo contra o time da colônia italiana de Beagá. Restou-me ver o segundo. E não via o time em campo. Pensei que poderia ainda ser reflexo de minha embriaguez pela conquista do TRI no domingo anterior. Ou ilusão de ótica.

Mas nada, fiz um 4 e continuei em pé. Depois, procurei o oculista e tudo bem...

No exato instante em que rabisco essas bobagens chega um amigo, o Zeca, também rubro-negro, chegado a freqüentar alguns bares insalubres de Campos.

Mas, insalubre mesmo foi o que o Flamengo fez comigo naquele segundo tempo contra o time das Alterosas. Quando pelo meu cronômetro eram decorridos 45 minutos do período final, na última volta do ponteiro, como diria outro rubro-negro, o Jorge Curi, eis que a minha derradeira esperança se foi.

Eu ali aguardava, com paciência, o goleiro adversário ser experimentado uma sozinha vez. Até que minha tradicional paciência se esgotou. O gol-kipper cruzeirense só faltou pedir um jornal pra ler, porque ninguém o apoquentava.

Crendeuspai!. Assistir jogo assim só com kit de insalubridade.

No entanto, apesar daquela brochura no segundo tempo nas Minas Gerais, hoje continuamos novamente firmes e eretos (no bom sentido, claro) em defesa da nossa briosa equipe Rubro-Negra. Estaremos, sim, de prontidão, concentrados para a contenda.

Não sei o que esse menino Nilmar tá a fim de aprontar contra nós hoje. Só sei que desde que Charles Miller aportou aqui, com aquele jurássico primeiro esférico, que vigora o seguinte axioma: um cara ágil, leve e liso como ele não pode ver bola.

Amigos, sei que mestre João Saldanha tinha uma sentença lapidar: a de que macumba não ganha jogo. Do contrário, o Campeonato Baiano terminaria empatado.

Mas, no entanto e contudo, temos que pedir emprestado ao Nelson Rodrigues alguma força do Sobrenatural do Almeida, algo que fuja às leis hegelianas. Mandemos a lógica, o raciocínio e a razão pro espaço. Quando se tem pela frente uma iminente ameaça como esse time do Inter, não dá pra ser racional, temos que apelar para a metafísica.

Se não, já entraremos em campo derrotado.

Não gosto de pedir ajuda a São Judas Tadeu nessas ocasiões. Ele deve estar muito ocupado nessas ocasiões, com tantos milhões rubro-negros pelo país a solicitar suas intervenções nesses momentos que nos aflige. Sua caixa postal deve estar atolada. Então, partirei para outros santos menos concorridos.

Nessas ocasiões, recorro mais aos santos menos ocupados, menos àqueles que, como São Judas Tadeu e outros famosos, tenham muita gente pra atender. Devem ser muitos na fila de espera, até lá não serei atendido. Afinal, o jogo começa daqui a pouco.

São Simplício, São Pafúncio ou São Pancrácio são minhas opções. Ou, então, Santo Onésimo. Esses, são os santos aos quais recorro em momentos de desespero futebolístico. Como devem ter uma agenda menos carregada de pedintes, podem atender minha súplica com maior celeridade.

Se bem que, pelo meu perfil cético e agnóstico, os meus últimos pedidos não têm logrado êxito. O máximo que tenho obtido é me livrar da segunda divisão. Neste caso, ignorarei as lições de Saldanha e apelarei para um pai de santo. No mínimo, para amarrar o Nilmar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gol do Nilmar deveria ser tombado como patrimônio imaterial

Deixo de lado minha habitual e pacata serenidade para bradar contra um bando de incrédulos, contra a nau dos insensíveis e um punhado de outros descrentes de vida, do mundo, de tudo e de todos. Aqueles que acham que não há mais esperança.

Tudo isso para dizer que nem tudo está perdido depois daquela portentosa centelha do garoto Nilmar, que resultou naquele sacrossanto gol do último domingo.

Desde o estado do Acre, Mestre Armando Nogueira gastava tintas de sua gloriosa e sagrada pena, as suas cordas vocais, para pregar pelos quatro cantos do País, que para ele mais importante que o gol era o drible.

Os pragmáticos torciam o nariz e levantavam suas espadas para dizer que o gol é o prêmio concreto da soma de esforços para a conquista de uma vitória. O que são os esforçados no mundo diante dos gênios?

Nélson Rodrigues completava o serviço, mandando para a fogueira esses idiotas da objetividade. Se o drible nem sempre resultava em vitórias, pior para as vitórias.

E, cá pra nós, seria muito feio se eu deixasse de dizer aqui que ninguém deveria ter o direito de morrer sem ver o que esse iluminado menino obrou na tarde de ontem no Pacaembu.

Caríssimos ouvintes dessa impoluta emissora, esse locutor que vos fala não tem palavras. Cadê as palavras? Cadê as palavras para narrar a plenos pulmões a gloriosa saga do menino Nilmar?

O mínimo que posso dizer é que esse gol tem suficiente poder para provocar uma grave mudança na inclinação do eixo da terra.

Então, vamos, por que não, apelar ao Papa para a canonização dessa obra, santificando-a, para que esses descrentes e pessimistas não abram a boca para cometer heresias.

Caríssimos estetas e devotos do belo, às favas os idiotas da objetividade. Vamos tombar esses dribles e esse gol do Nilmar como patrimônio imaterial da beleza, da vida, da inteligência humana.

domingo, 10 de maio de 2009

Início nada auspicioso

Amigos, estamos diante de um mais um problema que assombra o País, um impasse neste grave momento da vida nacional, quando o Flamengo acaba de fazer sua estréia no certame brasileiro e não consegue inspirar entusiasmo na Nação Rubro Negra.

No exato instante em que rabisco essas bobagens, me assaltam dúvidas, dilemas, essas maluquices que só acomete quem vive todos os fins de semana vendo 22 homens correndo atrás do esférico.

Só não estou mais macambúzio quando me lembro que o menino Adriano começa a treinar e daqui a pouco está pronto pra jogar.

É bem verdade que ontem cometi um crime de lesa-pátria, um pecado capital pelo qual devo penitenciar-me pelo resto da vida: não assisti ao primeiro tempo da refrega contra o time da colônia italiana de BH.

Dizem que o time até foi bem neste periodo da contenda. Pelo menos foi o que falaram os comentaristas da Grobo.

No intervalo, os abalizados analistas ainda me injetaram umas doses de confiança no time para o segundo tempo, mas tais previsões destes sábios do futebol valem tanto quanto a palavra de um senador.

O "pobrema" foi que o time não andou no segundo tempo. O goleiro do outro time não fez uma mísera defesa sequer.

A nosso onde não tem um armador de classe, decisivo, capaz de colocar a bola de bandeja para os meninos lá da frente decidirem na cara do gol.

Um Felipe ou um Ricardinho seriam figuras talhadas para o nobre ofício de maestro da orquestra rubro-negra.

Continuamos a depender muito das incursões dos laterais (alas é a p.q.p), os adversários tem manjado essa jogada.

Com um armador de categoria e o nosso Imperador de volta, acho que estaremos longe de repetir as históricas e retumbantes humilhações rubro-negras dos últimos certames nacionais, onde cumprimos o vexatório papel de lutar para não cairmos na segundona, local onde hoje habita o time da colônia portuguesa.

Outro "pobrema" é a insistência de um individuo sem a mínima condição de envergar o Manto Sagrado. Depois de Obina, é duro ter que aguentar o Joziel, que me faz lembrar os tempos do Vicentinho, Fio, Michila e Caldeira. Com Neves no banco.

O grande problema do menino Joziel é só um: as sérias dificuldades de relacionamento com o balípodo.

Consta que quando foi apresentado ao tal esférico, o rapaz já demonstrava que aquele seria um diálogo de surdos.

Parecia que um falava um estranho dialeto indiano; o outro, javanês.

E essa incompatibilidade perdura até hoje, com um agravate. À época, contam irrefutáveis testemunhas, havia uma ínfima chance de aproximá-los, mas hoje a conclusão a que se chega é a de que esta aproximação é algo irreconciliável.

Os dois, ele e a bola, não devem ser convidados sequer para tomar um café à mesma mesa. A intransigência de ambos, a animosidade entre os dois é tão provavel quanto a paz entre árabes e judeus na Faixa de Gaza.

Que estreie logo o Adriano e a maldita porteira das transferências para o exterior não leve nenhum dos nossos craques.

Atravessando o samba. Ou melhor, o show

Alguns desses homens que se batem por uma Campos virtuosa e altaneira não podem morrer sem deixar de emitir gritos de uma santa ira contra o que fez o deputado Wilson Cabral esta semana no Trianon.

Em que pese ter sido eleito com as "bençãos" do exterminador Alexandre Mocaiber, tenho um bom trato pessoal/profissional com o impoluto parlamentar.

Jamais poderia dizer dele que seja um político como alguns, diante dos quais não se pode cometer algumas displiscências, como esquecer a carteita em cima da mesa, enquanto se vai fazer um xixi rapidinho no banheiro.

Mas não posso recolher-me a um criminoso silêncio diante do inacreditável. Não me chamem de velho ou ranzinza, mas não dá pra ficar muito tempo sem falar mal dos políticos.

Quando não estão por aí fazendo suas obscenidades, estão por aqui mesmo fazendo suas estrepolias.

Fui até o Trianon para ver o Boa Noite Amor. Não sei se era noite de lua clara propícia aos enamorados, não sou seresteiro, estou muito mais para curtir um banquinho e violão, o amor e a flor da bossa nova.

Mas não consigo também ficar muito tempo sem ouvir João Nogueira, Cartola ou Paulinho da Viola, com toda picardia malemolente de nossos sambas de raíz africana.

Entretanto, não deixo de reconhecer valor artístico num Lupicínio Rodrigues, entre tantos outros que cantam o amor e as dores de amores. Sou do sereno, sim sinhô, pau pra toda obra.

Falou em Musica Popular, sou bom soldado, estou aí pronto, sempre se necessário, a erguer a bengala, assestar baterias e esgrimir espadas para defender esse nosso patrimônio cultural.

Mas o sacrossanto motivo que justifica essas mal digitadas linhas é para proferir o desabafo dos justos.

Um desabafo para dizer que não dá pra aguentar deputado interrompendo espetáculo para fazer sua politica, como fez o senhor Cabral, ao fazer a entrega de comendas e medalhas com as quais foram homenageados os integrantes daquele afinado grupo muiscal.

Confesso que tive ímpetos de vomitar alguns palavrões em todos idiomas e dialetos possíveis e inimagináveis.

Mas dois obstáculos me impediram de consumar o retumbante protesto: minha educação suiça não permite, o Trianon é um templo, uma casa por demais fina e não ficaria bem que ali em seus anais ficasse registrado meu palavreado profano de baixo calão.

Vão dizer que esse negócio de vaia é pra estádio de futebol, lugar da ralé que não sabe se comportar.

Tudo bem, justissimas as homenagens, não se está a discutir o mérito concedido aos laureados, longe disso.

O que está em xeque é justamente a inconveniência de se fazer a homenagem em plena apresentação, misturando show com solenidade com político fazendo discurso prá nós.

Eles já contam com espaço suficiente em alguns indigestos programas eleitorais no rádio e na tevê.

Por que não convidar os homenageados para receber tais honrarias no plenário da Assembléia Legislativa, com toda pompa e circunstância?

Não teria ocupado um tempo considerável da apresentação, enchendo o saco do distinto e respeitável público naquela bela noite de quinta-feira.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A triunfal volta do filho pródigo

Boto a boca no mundo para exclamar que o imperador Adriano, bom menino que a casa torna, merece todas as loas que a Nação Rubro Negra lhe devota, como todo filho pródigo dos eleitos.

É bem verdade que o irrequieto rapaz, que nós criamos com todo zelo na Gávea, tem resvalado para alguns caminhos a esmo e entrado em crises existenciais, essas coisas típicas que acometem quem vestiu um dia o Manto Sagrado e sai por aí feito um errante em plagas distantes, atrás de outras coisas fúteis, e acaba sempre se dando mal.

Mas não vamos entra nessa de exigir bom-mocismo dos nossos craques. O Garrincha, o Heleno, o PC Caju, o Gérson e o Romário estiveram aí pra provar.

Além do mais, o velho e glorioso filósofo (entre outras coisas) João Saldanha tinha uma máxima para o momento em que algum cabeça-dura que lhe alertava para um craque problemático em vias de ser contratado para integrar sua equipe.

Sacava logo uma do coldre, saindo-se sempre com a sábia quanto genial sentença de que não queria o sujeito para ser mais um bom-moço ou casar com a sua filha, mas pra jogar futebol.

Pois então analisemos o Adriano, que ali nasceu e sentiu a suprema sensação do calor da maior Nação futebolística do mundo.

E mais: o nosso Imperador estava também com saudades do feijão, da mamãe (salve elas em seu dia neste domingo), da bela e estonteante namorada, das praias, do sol e do calor do Rio. E não se deu bem com o frio e a frieza de Milão.

Depois de uma análise no divã da Gávea, soube que chegou à conclusão meridiana de que ali era o seu lugar, de onde nunca deveria ter saído.

Na Itália não era feliz, porque na Itália não existe Flamengo. Não existe uma festa magnânima, em tardes de domingo com Maracanã repleto, o conjunto de cores, cânticos e coreografias, uma ópera que só a Torcida Rubro-Negra pode representar.

Proclamam alguns sábios turistas de elevada visão futurista, gosto estético apurado e de sólidos e irrefutáveis conhecimentos nesta seara, de que se trata do maior espetáculo da Terra. Carnaval na Sapucaí é uma ova.

Pois então, em nome desses forasteiros e da Nação Rubro Negra, antes que o Kleber Leite tombe o Flamengo, urge que o Flamengo seja tombado como patrimônio imaterial deste País.

E o Adriano conhece toda essa mística. Sabe o que é jogar no Flamengo. O que é ser ídolo no Flamengo. E, acima de tudo, sabe o que representa ser Flamengo.

Por essas e outras alegações de valores e princípios incontestáveis entre a égide e os cânones rubro-negros, sua volta triunfal tem mesmo que ser saudada com as devidas efusões em todo o País.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Temos que reagir a esta infâmia

Alguns de meus amigos (esta raça de gente ruim) às vezes me ligam e trazem notícias boas, outras ruins.

Tem um deles, um vizinho, que tornou-se para mim um contumaz portador de notícias funestas. Bem que poderia chamar-se seu Funério.

Mas a noticia que me traz nesta fita, ao contrário de me fazer chorar, levou-me às gargalhadas. Gozem, me chamem de hiena e outros insultos. Riem de mim porque rio de meu país.

Então, meu informante liga, apressado e parecendo esbaforido, dizendo ter ouvido ainda há pouco em alguma destemida e valente emissora algo parecido com aquela enfermidade que se imaginava extirpada do nosso corpo, mas que volta sorrateiramente. É a chamada doença recidiva.

Seguinte: a notícia pouco ou nada alvissareira, a peste que está a caminho e que nos ameaça é a de que o Fernando Collor (aquele) pode ser içado de novo como candidato a presidente da República. Sim, acreditem, vos digo que há um movimento ensandecido que quer vê-lo de novo presidente.

Depois vocês, Antunis Clayton e outros amigos fundamentalistas, vem me apedrejar pela minha ácida descrença. Mas há coisas que não apenas só acontecem ao Botafogo, mas também a este radioso País varonil.

Depois você querem que eu não tenha razão em achar que não há salvação para o ser humano.
O meu amigo Osvaldo Azevedo (um desses seres terráqueos que não conhecem a felicidade — não teve a suprema ventura de ser Rubro-Negro, mas apenas um corintiano em Campos), pois dizia eu que o Osvaldão (gente da melhor qualidade, exijo que conste em ata) há alguns anos me sapecou uma máxima que eu não poderia morrer sem que dissese a vocês.

A frase encerra ao mesmo uma sabedoria e uma verdade acaciana: a de que o Brasil é um hospício a céu aberto.

Como considerar normal um país onde ainda se encontra gente capaz de demonstrar coragem em anunciar solenemente que faz parte um movimento destinado a lançar Collor de novo como presidente?

Pois depois do ano da graça de 1992, o inesquecivel ano de 1992, esse Coisa Ruim, o supracitado excremento, que nem ouso mais citar o nome aqui em respeito a este sacro recinto, maquinava nos porões da política nacional, purgando seus graves pecados, vagando feito um zumbi. E parecia-me que estava relegado ao seu devido lugar — o esquecimento.

Qual nada. Vem de lá esses cafajestes proclamarem que nós (nós, uma ova) temos com ele um acerto de contas, de que há a imperiosa necessidade de sua reabilitação. Não, não e não. Mil vezes, milhões de vezes, bilhões e trilhões de vezes, não.

Apesar de errantes e tolos, somos uma gente de algumas belas e santas virtudes, país de povo guerreiro honesto, trabalhador e não merecemos em vida passar por tamanho infortúnio.

Bem, um mérito "elle" teve, o de fazer constar nos anais (êta palavrinha indecente) da história deste País o fato de que num radioso dia 29 de setembro de 1992, um presidente da República foi expulso, defenestrado do Palácio pela ira popular. Sem um tiro sequer.

Isso é que é povo varonil, amadurecido politicamente, gente ciosa de seus valores e sua história.

Tudo para que ninguém se apresse em me apontar como um pessimista incorrigível, então proclamo em alto e bom som esses arroubos cívicos que me acomete de quanto em vez.

Mas, digam-me se estou mentindo, depois de uma dessas dá pra se viver em paz sob esses trópicos de sol mais lindo e ceu azul?

Prometo-vos que, apesar de meu físico alquebrado pelo longo tempo de opressão e tirania, quero dar meu sangue e minha voz rouca para dizer que a partir de agora está em jogo a honra nacional, a decência deste país e outros substantivos e adjetivos.

Então meninos caras-pintadas, voltemos às ruas, já mais conscientes e amadurecidos do papel que vos cabe. Temos que reagir a esta infâmia que querem nos impingir.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

E o Inter vem aí...

O Flamengo passou pelo Fortaleza com alguma facilidade. O pior é que o time agora tem pela frente um senhor scratch, aquele que tem melhor praticado o ludopédio por nossas plagas, o brioso colorado gaúcho. Tenho que me preparar, as circunstâncias me recomendam que eu vá a um cardiologista antes desse jogo.

Quando assisto jogo do Flamengo preparo-me para dois cenários. Se ganhar, lógico, vou gritar, vibrar, pular... Com tudo que tenho ou não direito.

Mas, se perder, não será de todo ruim, tenho quem vergastar. As derrotas, já dizia um filósofo (não me pergunte quem), nem sempre são destituidas de virtude. Ela ensina que as vezes precisamos dela para acordar, sair da obscuridade.

Então, dito isto, tenho um caso de amor e ódio com o mais popular e famoso Rubro-Negro da Terra. Explico: aliás não explico nada, quem explica são os especialistas nos meandros do comportamento humano, que formulam seus tratados sobre as tênues fronteiras entre o amor e o ódio. É maizomenos por aí.

Mas, então, conforme discursava eu nesta tribuna, se o time perder, a derrota servirá para alguma coisa: é a minha vez de canalizar a energia e fúria que se apossam de mim, e volto minhas baterias contra o império do mal que habita a Gávea e que nos apequena.

É a vez de vingar-me de alguns seres que pululam pela Gávea como zumbis, aves de arribação que lá insistem em fazer pouso, em tornar o clube um feudo mercantil (para não usar expressão menos educada), mantendo nossa altaneira agremiação num estado de dolorosa mediocridade que nos faz resignarmo-nos com a glória de um simples título estadual, uma conquista doméstica.
Num desses dias em que nada deu certo e saimos de campo de crista arriada após uma derrota, fiz meu barraco, botei pra quebrar. Passei a xingar em altos brados, em todos os dialetos e idiomas, incluindo javanês, o pernicioso e inacreditável Kléber Leite (sim, eu acredito que esse sujeito existe) . Se ele existe, como o diabo que muitos creem que existe, então xingo-o.

Minha mulher alertou-me que meus sacrossantos protestos em elevado tom incomodaria os vizinhos do prédio, essas coisas civilizadas que um torcedor em desvario não conhece muito bem.
Então, não encontro forças para tolerá-los, esse pobres diabos. Pobres-ricos. Não evoluí ainda, espiritualmente, para deixar de alimentar um asco sobre esses reles seres, incapazes de formar um time a altura das nossas melhores tradições, de disputar títulos continentais e internacionais.

Nós, Rubro-Negros, somos meio metidos a besta, mal-acostumados com o fausto, com os recitais de bola dos anos 80 e um tico nos anos 90.

Então, não se pode tolerar um clube da força popular e da grandeza do Flamengo ser dirigido por cartolas movidos pela irrestível vocação para o furto qualificado. Juro que não estou falando do Kléber, não tenho provas disso, embora jamais compraria um carro usado deste cidadão.

Mas, pelo que ouço falar na Boca Maldita, não existem, digamos assim, santos no futebol da Gávea. A teia de interesses na venda e compra de jogadores não faz da Gávea algo parecido com um recinto habitado por monges. Longe disso.

Então, algumas derrotas, dizia e ainda vos digo, não são de todo destituídas de virtudes. Ela nos ensina que é preciso perder algumas batalhas, para nos colocarmos no rumo certo.

Essas vitórias de Pirro (contra nossos fregueses de caderno) sempre dão fôlego a esses exterminadores do velho orgulho Rubro-Negro que todos nós, pobres mortais flamenguistas, sonhamos: o orgulho de ver ressurgir o clube que mais torneios ganhou pelo mundo afora (royalties para a nossa enciclopédia esportiva ambulante, o bom menino Péris Ribeiro).

Então, é esse o Flamengo. Quando ganha, nos enche de prazer em vê-lo brilhar; quando perde nos traz sempre uma esperança: a de que as derrotas também podem contribuir para sairmos do buraco.

A banca e o discurso do zé-mané

Companheiros de lutas e desditas, juro que às vezes até fico tentando acreditar em Deus, mas aí abro os jornais - e desisto.

Há cerca de alguns dias, por exemplo, os matutinos, vespertinos e noturnos trouxeram a seguinte prova da inexistência do divino: o Eduardo Suplicy foi pego com a boca na botija.

Pois não é que o ex-imaculado senador decidiu também imitar alguns de seus ímpolutos colegas, dando à sua namorada (dando no bom sentido, é claro) uma passagenzinha de avião...

Por que, Senhor, não me respondes? Por que entre uma prosa e outra lá me vem um soco no estômago, uma secura na boca, uma perplexa desesperança?

É que como todo cidadão de esquerda, Senhor, ainda sou dado a utopias.

Juro que sou um crente (crente no bom sentido, fique claro), alguns amigos chegam inclusive me comparar ao próprio otimista, o personagem famoso do Voltaire. É que (ainda) tenho uma fézinha na evolução desta lamentável raça.

Às vezes até me debruço em minha triste jornada de olhar a nossa lista de parlamentares para caçar ali, aqui e acolá até achar algum que se salva.

E, respiro aliviado, quando encontro lá o nome do cordial e senador de São Paulo de Piratininga.

Juro que às vezes esse senhor me emociona. A sua capacidade de tolerância, de perdoar, me faz tentar compará-lo à figura de um monge, um ermitão, um quase franciscano destituído de qualquer inclinação ou valores menos nobres cultuados por esta nossa selva de feras.

Mas aí... eu dizia então, aí me vem esse desvario ensandecido do agora quase impoluto Suplicy. Estamos perdidos, Senhor, mais perdidos e isolados que o delegado que tenta ingloriamente colocar o Daniel Dantas na cadeia.

Então, então juro que às vezes me bate uma vontade danada de partir dessa para ter o privilegio de muitos que não ficaram aqui para ver a invasão da generalizada da estupidez humana que nos assola. E que atinge agora até mesmo os que imaginávamos inatingíveis.

É por esta e outras que este projeto de nação não vai pra frente. Em certos momentos não dá para não se comportar como um fiel apóstolo de Arthur Schopenhauer. É só pessimismo

Depois, querem que eu bote banca, que encha a boca para exaltar a nossa gloriosa democracia quando alguns amigos me aporrinham, dizendo-me para parar com essas conversas de filosofia política, esses papos de zé-mané.

Sim, vos confesso, Senhor. Perdoai-me por acreditar. Sou mesmo mais um zé-mané brasileiro...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Rádio Cultura de Campos lança página na internet

A velha Rádio Cultura de Campos, cognominada "A pioneira", acaba de lançar seu sítio na internet. A programação da gloriosa emissora sofreu mudanças. Entre os destaques, de 5h às 8h, o Cultura Rural, com o DJ Luiz Henrique; às 12h, o Debate Cultura, com Jadir de Oliveira e participação de Ailton Junior; às 13h, Conexão Cultura, com Carla Gomes; e às 17h, a Discoteca do Povo, com Ruy Ulhman.

Um mérito tem a Rádio Cultura: não aloca seus espaços para políticos e oportunistas, nem abriga em seus quadros os chamados pára-quedas do rádio, aqueles sujeitos que nunca tiveram uma carteira de trabalho assinada por uma emissora, mas se dizem "radialistas". Sequer possuem diploma ou um mísero registro profissional no Ministério do Trabalho.

Ocupam o espaço dos verdadeiros profissionais nas rádios mediante venda de seus espaços, com programas de péssimo gosto. Cometem verdadeiros atentados ao idioma, não sabem o que é ética profissional, se fartam de entrevistar políticos que, em contrapartida, lhes dão alguns trocados.

O resultado de tudo isso são programas onde reinam um festival de bobagens, adulações e elogios fáceis.

No Carnaval, o que mais se ouviu foram tolices em profusão desses "repórteres" improvisados, que não passariam um teste de avaliação num curso de escola primária.

A Cultura é uma rádio que buscar se inserir na comunidade em alguns programas. Em alguns horários, entretanto, não mantêm o mesmo nível de sua programação. Toca música em excesso, ao invés de informação, como convém ao velho e bom rádio AM, além de ser vazia e insossa nos finais de semana.

Carece também de transmissões esportivas, requisito fundamental para que uma rádio se firme junto ao ouvinte fiel em AM.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Escolas de samba e blocos demais... aí vira bagunça

Verdade vos digo, a profissionalização do carnaval deve excluir escolas e blocos chinfrins que em nada contribuem para o carnaval, apenas para alguns espertalhões retirarem "um qualquer" da subvenção oficial e outras fontes pecuniárias.

E não me venham com bois pintadinhos desfilando no carnaval. Tem que ser mesmo no Dia do Foclore, como propõe dona Rosinha, com as bênçãos de mestre Orávio de Campos. E não me venham com boi pintadinho que sonha em ser escola de samba, como fez o tal Sapatão.

Depois, boi é boi, não esse boi voador que voou até o terreno dos blocos, depois para o das escolas de samba.

Alguém precisa dar um toque, chegar nos ouvidos, na caixa receptora sonora desses senhores, para avisar que livro não morde, nem é bicho de outro planeta. Vão ali na biblioteca, leiam o menino Câmara Cascudo, que terão uma aulinha grátis sobre bois.. sobre folclore.

Vocês podem até dizer que estou por fora ou estou inventando, como gritava a pimentinha Elis.
Mas na outrora pacata São João da Barra, vizinha aqui da nossa capitania hereditária, o desfile é rico e bonito de se ver porque há apenas duas ou três agremiações: Congos, Chinês e Unidos da Chatuba, se minha ingrata e fugidia memória não me trai.

Aqui, no máximo, cinco blocos e cinco escolas já seria de bom tamanho. Um pouco de ordem é salutar, não faz mal a ninguém. E, como já dizia minha avó, democracia demais vira baguça.

Só não venham em 2010 com Ivete Sangalo para abrir o carnaval de Campos, como sugerem alguns insanos e acéfalos radialistas que deram algumas piruadas no sentido de que fosse colocada em prática esta insolente proposta de destruição de nossos valores culturais.

Esses hereges querem contrariar os mais sagrados axiomas de nossa identidade e devem também achar que axé-music é cultura.

Quanto a mim, só me resta procurar um retiro espiritual se essa moça afilhada do ACM aportar por aqui para levar milhares de idiotas à alienação sonora. Comigo, não, xô... Me inclua fora dessa.

Até porque soube de muita gente que se mudou da Bahia por causa dessa praga insalubre anterior à gripe suina e que leva milhares de idiotas à alienação sonora.

Quanto a vocês, axezeiros, já podem começar a sessão de apedrejamento.

Declação de guerra contra os destruidores do carnaval

Vou meter a colher nesse enredo da ressaca carnavalesca desta segunda com cara de Quarta-Feira de Cinzas.

E proclamar sem mais delongas que desde quando os nossos crioulos mais ciosos batucavam para aliviar a tristeza ao ritmo do som inventado pelos nossos ancestrais e levavam porrada da puliça no mangue do Império (salve Tia Ciata!), o povão passou a ter pecha de bagunceiro, desordeiro, macumbeiro, izoneiro, e outros eiros.

Eram as elites da época a cercear as manifestações culturais do povaréu. A crioulada tinha que ser aculturada pela civilização branca européia, ter a mesma religião, os mesmos deuses... Violão era proibido.. E Ruy Barbosa trombeteava no Senado sua fúria contra o "Corta Jaca" da Chiquinha Gonzaga, no Palácio do Catete.

Acrescento como subsídio às minhas teses elucubrativas com a valente argumentação, escancarada num sambinha gravado pelo João Gilberto, letra de Haroldo Barbosa.

Prá quê discutir com madame

Madame diz que a raça não melhora
Que a vida piora por causa do samba,
Madame diz o que samba tem pecado
Que o samba é coitado e devia acabar,
Madame diz que o samba tem cachaça, mistura de raça mistura de cor,
Madame diz que o samba democrata, é música barata sem nenhum valor,
Vamos acabar com o samba, madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que samba é vexame
Pra que discutir com madame.
No carnaval que vem também concorro
Meu bloco de morro vai cantar ópera
E na Avenida entre mil apertos
Vocês vão ver gente cantando concerto
Madame tem um parafuso a menos
Só fala veneno meu Deus que horror
O samba brasileiro democrata
Brasileiro na batata é que tem valor.

Pois que até hoje esse ranço continua... que alguns meios de comunicação tratam com desdém as manifestações do povo, a única que há para lhe conferir referêncial, dizer que ele existe, que a periferia sabe também organizar algo de valor...

Teve até jornal que se preocupou em destacar a Batalha do Itararé (royalties para o bom menino Aparício Torelly), a batalha que não houve, entre a Baleeira e a TG.

Mas deixar estar, porque o meu bom amigo Humberto Rangel, brioso e dedicado diretor do Psicodélicos, promete lutar ao lado do Marcelo Sampaio e outros guerreiros, contra a obra de destruição do nosso carnaval.

Eu, de minha parte, junto com meu amigo Geraldo Gamboa, também lutarei com todas escassas forças para que esses reles homicidas não cumpram seus nefastos e escatológicos objetivos.

Sacudidela no samba para 2010

Alvíssaras. A dona Rosinha disse que o carnaval de Campos em 2010 poderá ser bancado em parte pela iniciativa privada, a outra parte pelo poder público. Pelo menos foi o que deixou claro durante entrevista coletiva hoje à tarde.

Segundo a prefeita, já existe, inclusive, uma empresa especializada em projetos culturais e captação de recusos nesta área, que deverá trabalhar no próximo ano junto aos blocos e escolas de samba.

A proposta é profissionalizar o carnaval local, a partir de melhor estrutura e organização, e torná-lo atração turistica para moradores de Campos e outras cidades.

Outra iniciativa será a construção do Centro de Eventos Populares (Cepop), um espaço multiuso que servirá para outros eventos, além do carnaval.

Ali, serão realizados cursos sobre várias manifestações de arte, eventos cívicos como os festejos de Sete de Setembro, a rancheirada da Coesa e o próprio Festival do Folclore, que poderá ganhar como atração o desfile dos bois pintadinhos.

A propósito, é numa festa folclórica, não no carnaval, onde os bois deveriam desfilar. Tem até boi que virou escola de samba, o que não passa de uma grosseira descaracterização cultural dos bois.

Quanto à mudança definitiva da data do carnaval, a prefeita, que não é boba nem nada, deixou o abacaxi por conta dos carnavalescos.

Rosinha também falou sobre a legalização do transporte alternativo, que poderá complementar o serviço em alguns bairros que surgiram ultimamente em Campos, onde há carência parcial ou total de ônibus.

Onde houver falta de ônibus, as atuais linhas serão ampliadas ou abertas novas concessões.

Nesta terça, será formada também uma comissão para criar o Departamento de Transporte Alternativo (DTA) para logo tratar do processo de legalização das vans.

A nova política de transporte em Campos contará com a equipe do urbanista Jaime Lerner, que fará um estudo de modo a planejar a cidade para as próximas décadas, onde o transporte e corredores viários para o escoamento do tráfego serão prioritários.

Memórias afetivas de Dilma Roussef

O prefeito de São Francisco do Itabapoana, Beto Azevedo (PMDB), é um dos mais torcem pela recuperação da presidenciável ministra Dilma Roussef, que luta contra um câncer.

Em recente audiência que manteve com a chefe da Casa Civil, no Palácio do Planalto, Dilma reconstituiu um pouco de suas memórias infantis e de adolescente de Belo Horizonte, quando vinha com a família passar o verão no litoral sanfranciscano.

A ministra descrevia com detalhes por onde passava e os locais que freqüentava na praia de Santa Clara.

O prefeito pretende aproveitar ao máximo esse lado afetivo de Dilma Roussef para, quem sabe, trazer mais benefícios ainda para São Francisco.

Embora mineira, Dilma construiu a carreira política no Rio Grande do Sul, onde foi morar ainda bem jovem.

Futuro manda-chuva no Goyta

Ouvi alhures (aceite, pois, em vossos peitos um alhures, nesta segunda feita) que um político de nomeada e prestígio em nossas plagas pode assumir a presidência do glorioso Goytacaz Futebol Clube, a mais popular agremiação desta cidade e que mais identidade possui com as raízes desta terra de férteis massapés.

Meu intrépido informante garante que o nobre cidadão "é o cara", como o Romário.

E que Sua Excelência acaba de confirmar um acerto com um patrocinador, uma grande empresa instalada em nossa região para empurrar o Alvi-Anil velho de guerra ao rumo da primeirona.

Ganha um doce quem advinhar o nome do político e da empresa.

domingo, 3 de maio de 2009

Abracemos mais uma taça, ainda que sem recital

Saibam, senhoras e senhores, não me satisfez a performance e o resultado do prélio deste domingo. Foi como ganhar de meio gol a zero.

Ué, mas o Flamengo não foi campeão? Vitória e título à parte, o rubro-negro Era Zico é mal acostumado. Fato é que à véspera da contenda vivi um sábado flutuante, tudo por conta da auspiciosa noticia sobre as duas baixas sofridas pelo velho rival.

Por todas essas conjuminâncias, inclusive nossa incorrigível mania de auto-suficiência e favoritismo, pois mais do que o título, queria uma magnânima atuação, com uma margem de gols que entrasse para os anais (êta palavrinha...) da história do clássico.

É verdade que os meninos deram o recado direitinho do principiar do prélio. Ma logo após o intervalo alguns deles pareciam dormitar em campo na chamada etapa complementar.

Cometerem uma heresia ao não se comportarem como bravos e guerreiros soldados de uma Nação.

Mais do que um atleta, o cabra que enverga aquele Manto Sagrado tem que ser um, antes de tudo, militante aderente de uma causa. A Nação Rubro-Negra exige respeito e comprometimento com esta causa.

Até porque o adversário estava desfalcado de dois próceres, o filho ingrato Reinaldo e... ah, lembrei do outro: Maiconsuel... Maicosuel, sei lá... (veja o que uma genitora/genitor faz com um pobre e indefeso rebento, ao adentrar o cartório do registro civil para colocar esse nome num descendente ), sim, porque se esse rapaz não é nenhum Garrincha, sabe das coisas.

O Reinaldo é outro que conhece bem o seu ofício, aprendeu tudo lá na Gávea, era mais um desfalque sério dos hômi.

Mas o certo e líquido, não necessariamente nesta ordem, é que os nossos rapazes renunciaram ao dever de oferecer-nos uma tarde/noite de gala. Ou não souberam merecer um domingo mais glorioso.

Só não é menos glorioso (faz-se mister proclamar-se em alto e bom som) porque agora superamos aristocracia das Laranjeiras em número de titulos estaduais. Porque em titulos nacionais e internacionais, faz muito tempo colocamos a turma das tres cores no chinelo.

Ainda assim, sem um recital de bola ansiosamente aguardado, é com a alma lavada e encharcada de emoção que revejo alguns amigos botafoguenses, tricolores, vascainos em mais uma segunda-feira em que este Brasil varonil traja-se de vermelho e preto.

sábado, 2 de maio de 2009

A vaga de vice

Segundo a jornalista Ana Amélia, não há fortes inclinações no governo ou no PT para que seja procurada logo uma alternativa para a vaga de Dilma Rousseff, que luta contra um câncer. Até porque há 90% de chances de sua contenda (contenda, pode?) com a doença.

Mas diante da margem de 10% que os medicos deixaram, o cargo de companheiro de chapa da pré-candidata tem sido apontado não apenas como um simples vice, mas um candidato capaz de assumir eventualmente (e a qualquer hora) a Presidência da República.

O cargo de candidato a vice, então, nunca foi alvo de tanta meticulosidade, afora o trabalho de engenharia, arranjos e composições políticas.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Imperador volta nos braços da Nação

As já frágeis estruturas do futebol Rubro-Negro acabam de sofrer um forte abalo. E o furdunço é o seguinte: segundo alvissareiros informes da Boca Maldita, promete habitar o nosso Templo Sagrado do Maracanã, envergando o glorioso Manto Sagrado, ninguém menos que o irrequieto Adriano.

Menino bom esse rapaz, mas depois que deixou de vestir a nossa gloriosa indumentária, a sagrada bastilha vermelha e preta, passou a experimentar ares bem menos oxigenados do que a Gávea.

Veja bem, não afirmo aqui nesta imparcial e isenta tribuna (e quero que conste em ata) que o dito cujo seja capaz de modificar até mesmo a inclinação do eixo do planeta terra. Nem que conheça e pratique o ludopédio em 18 idiomas.

Pelo contrário, as vezes demonstra uma certa inapetência para conversar com a bola, tropeçando sobre o balípodo, de quando em vez. Mas faz gols.

E nesta desesperadora aridez de talentos do futebol de Pindorama, o nosso (re)eleito acaba por ser um suficiente dissuasor para aplacar minhas inquietações. (Gostaram do dissuasor, sacanas?, então tome nos peitos). Então, o nosso imperador caiu como se um bálsamo fosse para minhas aflições diante dos Obinas que pululam pela Gávea.

Sacumé, Campeonato Brasileiro não é o Estadual, e bate em nossas portas daqui a pouco. E não queremos disputar a lanterna ou conspurcar nossa gloriosa História, descendo para os porões da segundona no subsolo do futebol brasileiro. Como ocorre ao nosso rival que leva o nome do almirante colonizador portugês.

Pois muito bem, voltando ao assunto mais relevante, o mais sério da semana, se ele (o Adriano) resolver em campo, o resto é deixar por conta daquela sedutora senhorita de traços mestiços e de curvas lânguidas, conhecida pelo nome de uma saborosa fruta, graças às suas bem fornidas nádegas.

Que marque tantos gols em campo como tem marcado fora dos gramados (dizem que o menino é chegado) e que, como o imperador da dinastia dos Antoninos, notório pelas construções que protegiam as fronteiras romanas contra os bárbaros, nos ajude a não ser apenas mais um coadjuvante no campeonato nacional. Não condiz com nossa magnânima História.

A tragicomédia na Câmara

A nossa impoluta Câmara de Vereadores precisa tomar emenda, antes que seja tarde. Não aquelas emendas indecentes da Campos Luz e da Zumbi dos Palmares, mas emenda no sentido da reabilitação ou da recuperação de sua credibilidade. Vocês sabem qual emenda, não precisa ficar explicando, p.

Vejam o que acabo de ver numa visita aos espaços dos bloguistas (ponto para o Ricardo André, que deve detestar a palavra "blogueiro", parece-me) que o nobre presidente da egrégia casa de leis, Nélson Nahim, acusou de desocupados.

Pois então traduzo ou reproduzo, sei lá, o que disse em seu blog o bravo professor Fábio Siqueira, a respeito dos embates filosóficos travado na Câmara.

Onde numa das inolvidáveis sessões desta semana, os vereadores combateram o bom combate na defesa de suas teses. O magnânimo assunto foi a instalação de um bar na Avenida Pelinca, denominado Baviera.

Como se diz na Câmara, questão de ordem ou cedendo-lhe um aparte, data venia vamos ao que disse o bravo Rubro-Negro e representante do nosso Magistério:

Chocante o que ouvi hoje de um amigo. Que "se divertiu muito com a sessão de terça", que ele considerou hilária. Disse ainda que quando se sentir estressado, irá a Câmara "se divertir um pouco" com os debates lá travados.

Fica a nossa expectativa para que a impressão de meu amigo não se confirme como algo rotineiro. Tribuna não é picadeiro!

Lamentavelmente, é essa a imagem da nossa atual representação política. De uma Câmara que já teve Manuel Luiz Martins, Fábio Ferraz, Antônio Carlos Rangel, Geraldo Venâncio, Sérgio Diniz ou Edson Batista, o que sobrou?

Qualé, Martinália

Amigos, eu vos confesso que estava há pouco numa banca de jornal lendo (de graça) alguns jornais (a capa, apenas) aqui pertinho de casa, quando deparo-me com a capa de um matutino trazendo a Martinália (não gosto de usar o tal sinalzinho que separa o seu pré-nome, então vai assim mesmo), filha do grande Martinho da Vila.

O engajado da Vila traz em sua honrosa biografia uma nódoa, um defeito insuportável, intolerante, incorrigível, que é ser vascaíno.

Pois não é que a moça sua rebenta me vem com a ousadia suprema de confessar-se vascaína por questão de consciência política...Sai prá lá com essa, Martinália.

Sem essa de exaltar colonizadores, que exploraram até quando puderam o nosso criouléu, exterminando indios, a sua cultura, os seus rituais, promovendo um festival de grilagem, entre outras patifarias.

Martina, vamos raciocinar de forma mais simplista: se tu nascestes naquele venturoso século 19, seria algo mais além de uma cativa habitante da senzala, reles serva da casa grande? Conhecerias logo de perto ou na pele os sórdidos e abomináveis castigos da chibata, ora.

Lembrai-vos (mando agora nos peitos, sacanas, um lembrai-vos) que o Brasil foi o último País do mundo a abolir a escravidão.

Portanto, a portuguesada sugou até a ultima gota de sangue dos nossos ascendentes da "mama" Africa, já "assertivava" o bom menino Castro Alves.

Aliás, conta a lenda que eles, os tiranos lusitanos, mandaram pra cá o suprasumo da escória lusa, para onde vieram curtir seu degredo. Lá, no além-mar, aqueles escroques estariam mofando no xilindró; aqui, eles ganharam glebas, viraram barões e viscondes.

Depois de tudo isso, vem lá os portugas tiranos e fundam o glorioso Vasco da Grama. E, para fazer média com os negros, lhe ofereceram algumas migalhas, permitindo que fossem aceitos em sua agremiação. Que bela reparação de danos pelas ofensas, hein?

Segundo a dupla sertaneja Ortega Y Gasset, uma humilhação é uma humilhação e suas circunstâncias.

Então, vem de lá também o jornalista, escritor e pesquisador Ruy Castro me lembrar que naquela época em que o ludopédio passou a tornar-se o ópio das massas, começou a adoração da patuléia mais consciente pelo Flamengo, que superava, assim, o Vasco em popularidade. Desde então e para todo sempre.

Depois, o país foi varrido por uma efervescência cultural, com a força e a fúria de um vendaval, na sacudidela provocada pela Semana de Arte Moderna (royalties para os meninos Osvald, Mário e Bandeira) periodo em que as pessoas mais leram neste País.

E quem lê mais, já dizia minha bisavó, fica mais sabido. Corroborada pelo Monteiro Lobato, segundo o qual um país se faz com homens e livros.

E a partir de então, o Brasil não seria mais o mesmo em sua evolução mental. E eis que assim surgiu o Flamengo, abraçado pelas massas como sua referência e representação.

Ora, Martinália, consciência política tiveram as massas deste País, a partir de 1930, que aderiram à febre rubro-negra que virou epidemia até hoje.

E que nada mais foi que uma resposta aos colonizadores e algozes que lhes mantiveram durante tanto tempo sob chibatas, algemas e cabresto.

Qualé a tua, Martinália?!!!