quarta-feira, 1 de julho de 2009

O último dos coronéis

Volto hoje com a corda toda após ócio reparador. Chega de refresco. É hora do batente, arregaçar as mangas é preciso, enquanto houver forças e razões para a luta e o bom combate que move os homens de boa fé.

Livrei-me da tortura que o Flamengo ora me reserva. Mas, nos meus sagrados dias de vagar e preguiça oficial, não deu pra ficar indiferente ao noticiário que envolveu Michael Jackson (dele falo depois) e o Zé Sarney, ele mesmo, o último remanescente da ditadura, o último dos coronéis que conferem ao país o título de eterno pais do futuro. O futuro deles, entretanto, está garantido.

Enquanto tenho meu olfato intoxicado pelos detritos insalubres do Congresso, pus-me a pensar no individuo José Ribamar, mais conhecido pela alcunha de Sarney, um político brasileiro que tem se sustentado como o ultimo bastião do retrocesso no País.

No entanto, ainda que sempre sujo até o pescoço com transações tenebrosas, este mesmo senhor recebe a maior distinção e reverência por grande parte da imprensa brasileira, que lhe conferem status de estadista, sobretudo os grandes jornalões.

O Brasil tá morto, nós estamos mortos e perdidos mas é o que comprova o perfil atrasado da mídia tupiniquim, sempre pronta a ajoelhar-se diante dos poderosos que se enriquecem à custas da miséria desta terra de Santa Cruz e suas capitanias hereditárias.

Entre fraudes evidentes, desvios de verbas, manobras sórdidas, benesses vergonhosas e vantagens imorais, o tal sujeito, dono do Maranhão, desfila com sua pose de intelectual provinciano nos salões solenes da cultura oficial deste país de bruzundangas, tão subdesenvolvido como ele.

No Maranhão, costuma-se dizer que os Sarney só não são donos do mar, embora O Dono do Mar seja um de seus livros. Seria uma auto-referência?

Pela legislação que norteia as concessões no Brasil, é vedada a condição de concessionário de emissoras a políticos como mandato. Mas Sarney, com o seu clã, é dono de quatro emissoras de televisão, que transmitem a programação da Rede Globo para todo o Estado. O grupo também controla o jornal O Estado do Maranhão, o maior diário de São Luís. É dono ainda de catorze emissoras de rádio espalhadas pela capital e pelo interior., entre outros negócios.

Dispõem ainda os Sarney de três mansões na Ilha do Curupu, uma reserva ambiental privada localizada nas proximidades de São Luís, à qual só é possível chegar de barco ou avião.

O cacique ficou sem mandato em apenas três anos, mas o patriarca conseguiu transformar a política num grande negócio que lhe rendeu uma fortuna calculada em R$ 125 milhões.

O Maranhão bem que merece ocupar um dos piores lugares no ranking do IDH no País, superando até o Piauí como campeão de miséria. Cada povo tem o cacique (ou seria o algoz?) que merece.

Nestas mais de quatro décadas, o estado vive sempre a mesma pobreza miserável, mas o clã dos Sarney continua cada vez mais próspero.

Duvide-o-dó se Sarney irá para o cadafalso moral tendo essa corja que povoa o Senado como julgadores. Um país como o Brasil não tem o hábito de mandar pilantras do colarinho branco para a cadeia. Lembremos de Renan, Romero Jucá e Jader Barbalho, entre outros que conseguiram safar-se graças ao coorporativismo (ou seria falta de vergonha?) de seus pares.

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