segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gol do Nilmar deveria ser tombado como patrimônio imaterial

Deixo de lado minha habitual e pacata serenidade para bradar contra um bando de incrédulos, contra a nau dos insensíveis e um punhado de outros descrentes de vida, do mundo, de tudo e de todos. Aqueles que acham que não há mais esperança.

Tudo isso para dizer que nem tudo está perdido depois daquela portentosa centelha do garoto Nilmar, que resultou naquele sacrossanto gol do último domingo.

Desde o estado do Acre, Mestre Armando Nogueira gastava tintas de sua gloriosa e sagrada pena, as suas cordas vocais, para pregar pelos quatro cantos do País, que para ele mais importante que o gol era o drible.

Os pragmáticos torciam o nariz e levantavam suas espadas para dizer que o gol é o prêmio concreto da soma de esforços para a conquista de uma vitória. O que são os esforçados no mundo diante dos gênios?

Nélson Rodrigues completava o serviço, mandando para a fogueira esses idiotas da objetividade. Se o drible nem sempre resultava em vitórias, pior para as vitórias.

E, cá pra nós, seria muito feio se eu deixasse de dizer aqui que ninguém deveria ter o direito de morrer sem ver o que esse iluminado menino obrou na tarde de ontem no Pacaembu.

Caríssimos ouvintes dessa impoluta emissora, esse locutor que vos fala não tem palavras. Cadê as palavras? Cadê as palavras para narrar a plenos pulmões a gloriosa saga do menino Nilmar?

O mínimo que posso dizer é que esse gol tem suficiente poder para provocar uma grave mudança na inclinação do eixo da terra.

Então, vamos, por que não, apelar ao Papa para a canonização dessa obra, santificando-a, para que esses descrentes e pessimistas não abram a boca para cometer heresias.

Caríssimos estetas e devotos do belo, às favas os idiotas da objetividade. Vamos tombar esses dribles e esse gol do Nilmar como patrimônio imaterial da beleza, da vida, da inteligência humana.

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