sexta-feira, 1 de maio de 2009

Qualé, Martinália

Amigos, eu vos confesso que estava há pouco numa banca de jornal lendo (de graça) alguns jornais (a capa, apenas) aqui pertinho de casa, quando deparo-me com a capa de um matutino trazendo a Martinália (não gosto de usar o tal sinalzinho que separa o seu pré-nome, então vai assim mesmo), filha do grande Martinho da Vila.

O engajado da Vila traz em sua honrosa biografia uma nódoa, um defeito insuportável, intolerante, incorrigível, que é ser vascaíno.

Pois não é que a moça sua rebenta me vem com a ousadia suprema de confessar-se vascaína por questão de consciência política...Sai prá lá com essa, Martinália.

Sem essa de exaltar colonizadores, que exploraram até quando puderam o nosso criouléu, exterminando indios, a sua cultura, os seus rituais, promovendo um festival de grilagem, entre outras patifarias.

Martina, vamos raciocinar de forma mais simplista: se tu nascestes naquele venturoso século 19, seria algo mais além de uma cativa habitante da senzala, reles serva da casa grande? Conhecerias logo de perto ou na pele os sórdidos e abomináveis castigos da chibata, ora.

Lembrai-vos (mando agora nos peitos, sacanas, um lembrai-vos) que o Brasil foi o último País do mundo a abolir a escravidão.

Portanto, a portuguesada sugou até a ultima gota de sangue dos nossos ascendentes da "mama" Africa, já "assertivava" o bom menino Castro Alves.

Aliás, conta a lenda que eles, os tiranos lusitanos, mandaram pra cá o suprasumo da escória lusa, para onde vieram curtir seu degredo. Lá, no além-mar, aqueles escroques estariam mofando no xilindró; aqui, eles ganharam glebas, viraram barões e viscondes.

Depois de tudo isso, vem lá os portugas tiranos e fundam o glorioso Vasco da Grama. E, para fazer média com os negros, lhe ofereceram algumas migalhas, permitindo que fossem aceitos em sua agremiação. Que bela reparação de danos pelas ofensas, hein?

Segundo a dupla sertaneja Ortega Y Gasset, uma humilhação é uma humilhação e suas circunstâncias.

Então, vem de lá também o jornalista, escritor e pesquisador Ruy Castro me lembrar que naquela época em que o ludopédio passou a tornar-se o ópio das massas, começou a adoração da patuléia mais consciente pelo Flamengo, que superava, assim, o Vasco em popularidade. Desde então e para todo sempre.

Depois, o país foi varrido por uma efervescência cultural, com a força e a fúria de um vendaval, na sacudidela provocada pela Semana de Arte Moderna (royalties para os meninos Osvald, Mário e Bandeira) periodo em que as pessoas mais leram neste País.

E quem lê mais, já dizia minha bisavó, fica mais sabido. Corroborada pelo Monteiro Lobato, segundo o qual um país se faz com homens e livros.

E a partir de então, o Brasil não seria mais o mesmo em sua evolução mental. E eis que assim surgiu o Flamengo, abraçado pelas massas como sua referência e representação.

Ora, Martinália, consciência política tiveram as massas deste País, a partir de 1930, que aderiram à febre rubro-negra que virou epidemia até hoje.

E que nada mais foi que uma resposta aos colonizadores e algozes que lhes mantiveram durante tanto tempo sob chibatas, algemas e cabresto.

Qualé a tua, Martinália?!!!

3 comentários:

  1. Que sejam feitas TODAS a leituras! Que não sejam abolidas do País nenhuma leitura... mas que sejam lidas todas comparadas com a Verdade. Sim. A Verdade é Verdade. Não existem várias verdades. Existem para quem gosta de viver com migalhas. Martinália usou àquilo: " Nâo gosto disso, mas meu pai gosta. Gotar disso é feio.Mas digo que é para o bem de todos. Pronto!"

    Eita mundo!

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  2. Carissímo Paulo Renato.

    Antes de mais nada, sudações Rubro-Negras.

    Ela, a Débora Jumentinha conseguiu falar, falar e não dizer nada em relação ao tópico postado. Em verdade, seria surpresa se o que ela escreve fizesse algum sentido. Mas vamos ao que interessa.

    Essa falácia de que o Vasco da Gama foi o pioneiro na integração dos negros no futebol brasileiro não cola, tudo não passou de explorar ao máximo a raça negra, até porque, tirando Eusébio e mais recentemente Cristiano Ronaldo, Portugal não contribui para a evolução do futebol, daí, só sobrou aproveitar os talentos que os portugas exploravam no dia-a-dia.

    Concordo com você Paulo Renato que um dos grandes avanços na questão da conscientização política das massas, foi o surgimento da grande Nação Rubro-Negro. Isso faz parte da História, é um fato inquestionável (se bem que teremos muitos a contestarem tal afirmativa, mas, faremos ouvidos de mercador, são uns invejosos).

    Não é por nada que somos os mais queridos, temos as duas maiores torcidas do País: Os que torcem contra (um bando de invejosos) e a imensa Nação Rubro-Negra (pessoas iluminadas e felizes).

    Martinho da Vila é uma grande figura, um dos grandes compositores da nossa MPB, um dos próceres do nosso samba e, tem esse grave defeito, o de não torcer pelo Mengão, mas, ninguém é perfeito e, diz um ditado que "quem sai aos seus não degenera", no caso de Martinália, ela degenerou, afinal, não torcer pelo Mengão pode ser considerado o 8º pecado capital.

    Domingo, estou me me preparando para soltar o grito de Campeão, pela 31ª vez.

    Forte abraço.

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  3. Provisano é que eu falo por parábolas... quem tem ouvido ouve... quem tem olhos vêem.
    Entende?
    O que digo hoje você não entende, mas mais tarde você vai entender.
    Clarice Lispector( não estou me comparando,kkkk não temos o mesmo gênero rsrs) escreve sobre a barata... e muita gente não entende... mas curte de montão...

    Deixa eu provisano.

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