Ninguém pode dizer que nesta planície altaneira de Zé Cândido de Carvalho não há agitação cultural.
Entre uma e outra manifestação que em nada contribui para a evolução mental da nossa gente — apenas para distrair a vaidade obscura de alguns detentores do poder cultural — há um movimento, ainda que escasso, em torno da nossa mais genuína manifestação de arte: a música.
O samba, propriamente dito. E da nossa memória cultural.
A bela matéria assinada pela correta jornalista Angélica Wellemen, na revista dominical do jornal O Diário não deixa mentir.
Ela trata do documentário a ser produzido pela cantora Lene Moraes e alguns outros bambas sobre a história dos que fizeram o carnaval de Campos em seus tempos áureos.
Sempre achei que a história musical desta cidade está bem acima do que a rapaziada produz no presente. Com as exceções de praxe.
O problema é que se exige mais, sempre mais, de uma terra que já deu Wilson Batista, Jesy Barbosa, Mário Pinheiro, Délcio Carvalho, Roberto Ribeiro, Joel Teixeira, Miltinho do MPB 4, Zezé Mota, Barrosinho da Black Rio, Rogério Bicudo, "Roberto Marques Trombone do Brasil", Romulo Gomes e tantos outros que escreveram o nome no universo da cultura musical brasileira.
Lene Moraes, pra início de conversa, é uma carioca nascida no Irajá, que não é um lugar qualquer. É o berço de Nei Lopes, que fez o gostoso sincopado Samba do Irajá, com ninguém menos que Chico Buarque. Terra também do grande ritmista Paulo Costa, que há muito foi para os EUA, onde acompanha Sérgio Nomes e grandes nomes do jazz. Dolores Duran também é de lá.
Mas, só para fechar a conversa, Zeca Pagodinho e o Boêmios do Irajá também têm o umbigo ali fincado. Ali do lado, há uma resistência do samba (e que resistência!), a guerreira União de Vaz Lobo. Mais adiante, Madureira com o Império e a Portela.
Dito isto, então chega a nossas plagas a Lene Moraes, bebe a água do Rio Paraíba, canta, se encanta e fica por aqui entre nós. Para nossa alegria, glória e honra trouxe esses bons ventos e fluídos de que só o rico subúrbio carioca é capaz.
Ao lado de Geraldo Gamboa e outras feras tem desfraldado entre nós a bandeira de nossa música. Que boas rodas se samba possam novamente ocorrer por aqui, como no Braseiro. E que torne nossa Campos menos insossa do ponto de vista cultural
segunda-feira, 27 de abril de 2009
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Paulo Renato, dentre outros que você esqueceu de citar, não podemos deixar de registrar e relembrar o nome do saudoso Ataíde Dias. Me lembro dele, ainda criança, nos fins de semana, nas reuniões na casa de meus pais de criação, lá nas bandas do Caju onde ele era figura carimbada, sempre alegre e cantando, que era a sua razão de ser e viver. "Escureceu, com a chegada do escurinho fica tudo denegrido, seus olhos, sua boca, forma um certo colorido, nem o diabo quer parecer-se contigo, cruz credo que perigo..."
ResponderExcluirEu não quero mais amar...
ResponderExcluirÉ, o velho Sebastião, tenho certeza, está entre os tantos outros.
Bela reflexão! Abçs
joca
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