quinta-feira, 4 de junho de 2009

Basta de colonização; dignidade já

Como um bom religioso e respeitador dos princípios ancestrais da Mãe África, não poderia deixar de anunciar, com pompa e circunstância, que a resenha de hoje, ainda que tardia, é a seguinte: o negão Almir Guineto, com sua voaz rascante e chinfra habituais, aportou por aqui na Capitania de São Thomé (mantenha o agá, por favor, seu revisor traíra) para se apresentar na Morada do Samba, do bom menino Black, ali na 28 de Março, quase no caminho para as praias.

Pois não é que consegui cometer o pecado de não ir a remandiola do crioulo e seus músicos igualmente encapetados...

É que minha adorável e atenciosa senhora conseguiu fazer-me refém de suas dores e outros inconvenientes de um descoforto ósseo nos pés. Falta de uma recauchutagem. E acabei morgando naquela quinta-feira.

Resultado: perdi o show e a esperança e só parafraseando Drummond para ter algum consolo.

De resto, pude aproveitar uma boa parte das diabruras do Guineto lá na Diário FM, onde participo de um programa de samba, ao lado do eclético menino Paulo André Barbosa.
Guineto veio aqui para para mostrar que nosso futuro musical ainda tem salvação. O colored veio como sempre com um samba da melhor qualidade, com tudo de bom que o samba tem.

O salgueirense de boa cepa, com outros heróis da resistência, não sabem ou fingem não saber, mas acabam por ser uma espécie de barricada contra o que a industria cultural americanizada, antibrasileira e desnacional, trama na surdina contra o que de melhor temos em nossa identidade nacional: a nossa mais autêntica música. Ou seja: o samba.

Hoje, chamam de pagode esse produto insalubre produzido pelas gravadores que as rádios tocam.

Sou da época em que pagode era feito no fundo de um quintal, com uma crioulada da pesada, improvisadora, que levava o melhor partido alto, uma coisa com viés de jongo e outros um tanto calangueados, um pessoal que tomava batida de limão e o que viesse pela frente, cavaquinho, pandeiro, viola, tantan, surdo e outras munições.

Tinha até um samba bom, do qual tenho saudades inenarráveis, "O Pagode do Vavá", dos meninos Paulinho da Viola e Elton Medeiros, exaltando essa gostosura que era o pagode e as virtudes do famoso feijão da dona Vicentina.

E não é que hoje pagode virou sinônimo de música ruim tocada pelos belos da vida, os alexandres pires, os gustavos lins e outras excescências...

São aqueles meninos bem comportados, subcolonizados, sem nada na cabeça, sem ambições intelectuais, mas apenas a ambição mercantil de alguns milhões de dólares a mais na conta bancária. São brancos, alguns deles — nada contra a civilização branca, mas com certeza, samba é coisa de crioulo, tem mais autenticidade. Sem eles, o que se faz pode ser tudo, menos samba.

Mas dizia eu aqui desta trincheira que esses meninos, os alienados vendedores de discos, mercadores que se dizem artistas ficam de cócoras para a visão do dominador que nada mais faz do que gradativamente destruir nossos valores contidos na música autêntica que sempre produziu este País e que nos faz respeitados lá fora.

Senhoras, senhoras e senhorinhas, vos confesso que se há algo que faço questão de levar pro meu túmulo é a sumprema honra de morrer heroicamente sem ter que ouvir uma música (?) deste Belo e seus ordinários seguidores.

Resistirei cívica e heroicamente aos que tentarem me submeter à tortura de ouvir essas coisas vagabundas, mistura de samba com musica sertaneja da pior qualidade (não confundir com música caipira) que tentam nos impingir, como se todos fôssemos uns otários para engolir o que os patrões da indústria cultural do norte industrializado nos impõe.

Nada mais estratégico para se dominar um povo do que destruir a sua cultura.

Chega de submissão!!! Vão colonizar à puta que pariu. Este brado retumbante será emitido sempre enquanto houver homens que se baterão com suas ultimas forças por um País soberano e varonil que preza suas raízes de seu povo, seus valores e sua cultura.

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