Não cabe mais pedir ao senador José Sarney que renuncie. Não cabe mais denunciá-lo pelas irregularidades que se acumulam à sua volta. O Senado da República, se pretende escapar vivo à carnificina moral que se abateu sobre ele, tem de assumir a responsabilidade da cassação do mandato de seu presidente.
Enumerar as irregularidades na Câmara Alta, ou mesmo as pessoalmente debitadas ao presidente, está ficando cansativo. O que se acumula em denúncias já é caso de polícia, de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal. O Senado, o que precisa, é cumprir sua missão constitucional e promover uma varredura geral na presidência e nas diretorias da Casa.
Por muito menos do que se abate agora sobre José Sarney outros senadores foram cassados e não apenas execrados pela opinião pública.
Ocorre que a lama respinga em todos os representantes federativos do povo. Em cada estado, o senador representante está sendo visto como uma espécie de "bandido da luz vermelha", que comete crimes às escondidas, e muito mais porque não se decide a afastar Sarney da Presidência que pelos desvios que possam ter cometido.
Quantos escândalos ainda vão estourar até que os senadores tomem consciência de que são homens públicos e de que uma das principais instituições do país chafurda no esterco por culpa única e exclusiva de um presidente que não toma a única decisão menos humilhante para ele: a renúncia.
Tal resistência no cargo dá aos senadores o direito de abrir um processo de cassação do mandato de Sarney. Ele não vai sair dali enquanto tiver o apoio do presidente Lula e for possível a construção de CPIs fajutas e a armação de Comissões de Ética sem nenhum objetivo.
Repetimos: o caso da Petrobras, o outro da Eletrobrás, os processos contra o filho do senador, Fernando Sarney, as relações perigosas com o Ministério de Minas e Energia impõem, para alívio da alma brasileira conspurcada, um processo de cassação do mandato e não apenas o afastamento ou renúncia da Presidência.
É a história de uma Nação vilipendiada que obriga os homens públicos a decisões mais drásticas. Há momentos em que mesmo o corporativismo mais visível tem de ser posto de lado para que a Justiça seja feita.
O povo brasileiro não está agüentando mais tanta conversa fiada, tanta denúncia sem resposta e quer Sarney de volta à solidão de suas bibliotecas, nunca mais como guardião dos princípios federativos que norteiam a República.
Editorial do Jornal Pequeno, de São Luis, 16 de julho de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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